O ex-diretor da série Call of Duty e cofundador da Sledgehammer Games, Glen Schofield, manifestou preocupação nesta semana acerca dos rumos da franquia desde que passou para o controle da Microsoft, após a aquisição da Activision Blizzard. Em entrevista ao site Video Games Chronicle (VGC), durante a Gamescom Asia, Schofield afirmou que a qualidade criativa dos jogos recentes da série “não tem sido muito boa” e que teme os efeitos da fusão na cultura interna do estúdio e no sistema de incentivos dos desenvolvedores.
Segundo o executivo, que dirigiu títulos como Call of Duty: Modern Warfare 3, Call of Duty: Advanced Warfare e Call of Duty: WWII, o ambiente de produção mudou radicalmente. “Infelizmente, uma vez que você é assimilado por uma dessas empresas, você passa a adotar alguns de seus traços”, afirmou Schofield, referindo-se à integração da Activision/CoD ao ecossistema maior da Microsoft. Ele ainda fez coro à noção de que franquias sustentadas por lançamentos anuais enfrentam esgotamento criativo e dependem fortemente de métricas de negócio para permanecerem lucrativas e relevantes no mercado.
A aquisição da Activision pela Microsoft, concluída em 2023, elevou o patamar de atenção sobre a franquia Call of Duty, tanto no que tange à ampliação de acesso (por meio de serviços de assinatura e distribuição multiplataforma) quanto à expectativa por inovação e preservação de identidade. Há quem veja nesta transição um risco real para a integridade da marca, justamente o ponto levantado por Schofield. Ele questiona se a nova estrutura poderá preservar a cultura de performance, os bônus de estúdio e a liberdade criativa que, segundo ele, fizeram a série crescer no passado.
É relevante notar que, apesar das críticas, o desempenho financeiro recente da franquia permanece forte, inclusive com recordes de jogadores simultâneos em algumas plataformas. Entretanto, Schofield e outros analistas sugerem que essa performance não necessariamente reflete satisfação criativa ou legado de longo prazo. O ponto central de sua análise reside na noção de que o valor da marca está diretamente ligado à motivação das equipes e à consciência de “pertencer a algo maior”, e que a absorção por um conglomerado pode diluir esse sentimento.
Em síntese, a declaração de Glen Schofield reacende o debate sobre o equilíbrio entre escala corporativa e liberdade criativa em franquias AAA. A discussão sobre o futuro de Call of Duty sob o domínio da Microsoft envolve não só previsões de mercado, mas também reflexões sobre valor criativo, identidade de estúdio e sustentabilidade da marca no ambiente competitivo atual.
